Rádio Freamunde

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domingo, 11 de maio de 2025

União Europeia (UE) – O dia da Europa:

Quem tem memória da ditadura e do atraso do Portugal salazarista não esquece o que deve à UE que hoje celebrou a data.
A UE é um projeto singular, nascido no rescaldo da última Guerra Mundial, após quase 70 milhões de mortes, o maior desastre de origem humana de toda a História. O Dia da Europa, instituído em 1985, celebra a proposta do antigo ministro dos Negócios Estrangeiros francês Robert Schuman, que, a 9 de maio de 1950, cinco anos depois do fim da II Guerra Mundial propôs a criação de uma Comunidade do Carvão e do Aço Europeia, precursora da União Europeia.
A convicção de que a UE é um espaço civilizacional de que nos devemos orgulhar, fator de paz e de progresso, oásis democrático onde a justiça social e a laicidade dos Estados devem ser aprofundadas, tornou-me um europeísta militante, grato pela notável postura deste espaço civilizacional onde o aprofundamento da integração económica, social e política é vital para a sobrevivência coletiva.
Quando florescem de novo os movimentos neofascistas na Europa, que parece esquecer o Renascimento, o Iluminismo, a Revolução Francesa e as raízes greco-romanas que lhe moldaram o carácter e a tornaram vanguarda da civilização, urge celebrar os princípios humanistas, democráticos e fraternos que estiveram na sua origem e ainda subsistem.
Não podemos culpar a UE de ser hoje um espaço conservador e neoliberal, com sinais ainda piores no horizonte. A culpa é dos eleitores dos países que a integram e cujo voto se respeita pelo melhor que nos resta, a liberdade de expressão, num mundo que parece abdicar dela e da civilização.
A UE, sob pena de soçobrar, não pode esquecer os anseios de paz e de solidariedade que presidiram à sua fundação.
Na mitologia, Zeus, pai dos deuses, raptou a Europa para a amar e fecundar. Hoje é dever dos europeus defendê-la dos nacionalismos e amá-la com a paixão de Zeus.
A Europa somos nós. Viva a União Europeia e o seu aprofundamento.

- O Rapto da Europa - Rubens

Carlos Espera,ça 

Os russos lembram-se da Grande Guerra Patriótica, os EUA não:

(Larry C. Johnson, 08/05/2025, Trad. José Luís S. Curado in Facebook)

No momento em que escrevo, são 22h15, hora do leste dos Estados Unidos. A guerra na Europa terminou oficialmente às 23:01 horas, hora da Europa Central, do dia 8 de maio de 1945. Em Moscovo, eram 00:01 horas, do dia 9 de maio de 1945. É por isso que os russos comemoram o dia 9 de maio, enquanto o Ocidente comemora o fim da guerra no dia 8 de maio.

Se perdeu o meu artigo, publicado na semana passada, “A grotesca mentira de Donald Trump sobre o papel dos EUA no teatro europeu na Segunda Guerra Mundial”, deixo aqui o link do artigo para sua conveniência. Dentro de poucas horas, mais de 100 milhões de russos vão reunir-se e marchar em memória dos seus antepassados que fizeram sacrifícios inimagináveis para derrotar o regime nazi de Hitler. Como observei no meu artigo (ver acima), os nazis, juntamente com os seus colaboradores romenos, italianos e húngaros, assassinaram entre 16 milhões e 19 milhões de civis russos.

Apenas um outro país sofreu baixas civis comparáveis… a China. De acordo com fontes académicas, cerca de 12 milhões de civis chineses morreram em resultado de ações militares japonesas, políticas de ocupação, massacres e fome e doenças induzidas pela guerra entre 1937 e 1945. Algumas fontes sugerem que o número total de mortes de chineses (incluindo civis e militares) pode chegar aos 20 milhões, sendo a grande maioria civis. Só o Massacre de Nanquim resultou na morte de pelo menos 100.000 a mais de 200.000 civis chineses e soldados desarmados em apenas algumas semanas, no final de 1937 e início de 1938.

Esta é uma das razões pelas quais o líder chinês, Xi Jinping, está em Moscovo. Tanto Putin como Xi compreendem que os invasores estrangeiros deixaram uma cicatriz permanente na psique cultural do povo russo e chinês… uma cicatriz que não é rapidamente apagada com o passar do tempo.

Nos EUA, a grande maioria das pessoas esqueceu o sacrifício que 189.577 soldados, aviadores e marinheiros americanos pagaram com sangue em batalhas no Norte de África, em Itália e no resto do teatro de operações europeu. Alguns preocupam-se, mas a maioria dos americanos não sabe de nada e continuou com as suas actividades normais hoje sem parar para reflectir sobre o fim da guerra na Europa. Se Donald Trump estivesse a falar a sério sobre honrar o sacrifício deles, deveria ter declarado o dia 8 de maio como feriado federal e ter realizado cerimónias no memorial da Segunda Guerra Mundial e no Cemitério de Arlington… Não fez nenhuma das duas coisas.

Gostaria de fazer uma pergunta aos meus concidadãos americanos, mas primeiro deixem-me definir os parâmetros. No início da Segunda Guerra Mundial, em 1939, a população dos Estados Unidos era de aproximadamente 130 milhões de pessoas. A título de comparação, a população da Rússia e da Ucrânia (onde se deu a maior parte das batalhas com os nazis) era de 150 milhões (110 milhões de russos e 40 milhões de ucranianos). Então eis a questão… Como teriam reagido os americanos depois de perderem 20% da sua população numa guerra com a Alemanha, e com os nossos aliados russos a iniciarem um programa no final dessa guerra que recrutou e contratou oficiais alemães como activos de inteligência? Isso irritar-los-ia? Isso fá-los-ia questionar as intenções da Rússia em relação à segurança nacional dos EUA?

Vista deste ângulo, temos uma perspectiva totalmente nova sobre o início da Guerra Fria. Porque foi isso mesmo que os Estados Unidos fizeram por cortesia da Operação Paperclip. A Operação Paperclip foi um programa secreto de inteligência dos EUA lançado em 1945 para recrutar cientistas, engenheiros e técnicos alemães — muitos dos quais trabalharam para a Alemanha nazi — e trazê-los para os Estados Unidos após a Segunda Guerra Mundial. Mas fizemos mais do que isso. A OSS, mais tarde substituída pela CIA, recrutou e geriu uma horda de antigos oficiais das SS especificamente pela sua experiência de espionagem da União Soviética.

Enquanto o povo russo se reúne a 9 de maio para recordar o enorme sacrifício dos seus pais, mães, avôs, avós e bisavós, recordam também que os Estados Unidos, apesar de serem aliados na guerra para acabar com Hitler, rapidamente mudaram de posição após a guerra e começaram a atacar a União Soviética. Eles lembram-se, nós não.

Fonte aqui.

Do blogue Estátua de Sal 

Há 80 anos – A vitória sobre o nazi/fascismo (texto atualizado):

Em 8 de maio de 1945, a Alemanha rendeu-se aos aliados ocidentais e, no dia seguinte, à URSS e seus aliados do Leste, terminando a maior e a mais trágica guerra de sempre, ainda que esta guerra só terminasse de jure com a posterior rendição do Japão.
Acabou nesse dia a 2.ª Guerra Mundial na Europa. Dez dias antes, em Itália, Mussolini fora julgado sumariamente e fuzilado com a amante, Claretta Petacci. Dois dias depois, Hitler suicidou-se com um tiro na cabeça, e a sua mulher, Eva Braun, com a ingestão de uma cápsula de cianeto. Hitler teve ainda direito a três dias de luto de Salazar.
O Alto Comando alemão, gorada a tentativa de assinar a paz com os aliados ocidentais, rendeu-se, sem condições, em 8 de maio de 1945. Nesse dia começou o fim do pesadelo que o nacionalismo, a xenofobia e o racismo provocaram, desde o dia 1 de setembro de 1939, com a invasão da Polónia, perante a conivência de muitos polacos. A Alemanha, ignorando o tratado de Versalhes, começou a guerra de expansão com fortes apoios em países invadidos. A Espanha, vítima da barbárie de Franco, vivia o medo, silêncio e luto de 1 milhão de mortos, desaparecidos e refugiados, e as ditaduras ibéricas sobreviveram à sua matriz nazi/fascista até à morte dos respetivos ditadores.
Quando parecem esquecidos os crimes do nazi/fascismo e o maior plano de extermínio em massa de que há memória, regressam fantasmas e surgem velhos demónios, como se o Holocausto não tivesse ocorrido e os fornos crematórios não tivessem assassinado milhões de judeus, ciganos, homossexuais e deficientes, na orgia cruel de que a loucura nacionalista foi capaz.
O nazi/fascismo levou a guerra a África e à Ásia e, na Europa, não foram os europeus que o derrotaram, foram os EUA e a URSS que vieram esmagar a besta nazi contra a qual a coragem e abnegação dos resistentes foram impotentes.
Após a implosão da URSS, na improbabilidade de regresso dos partidos comunistas ao poder, deixou de haver desculpas para a extrema-direita e atenuantes para a xenofobia, o racismo, a homofobia, o antissemitismo e todos os crimes de ódio de que uma alegada supremacia rácica é capaz.
A capitulação alemã, 8 de maio de 1945, foi fundamental para a História mundial. Os historiadores comparam-na à Reforma Protestante e à Revolução Francesa. Recordar o nazismo é refletir sobre a violência do Estado, erradicar o antissemitismo e homenagear todas as vítimas que ao longo da história foram perseguidas por preconceitos religiosos, étnicos e culturais.

É urgente recordar a História porque a repetição da tragédia é já uma ameaça. Sente-se o despertar dos demónios totalitários que originaram a maior tragédia do século XX.

Carlos Esperança 

IPSIS LITTERIS RESPOSTA DE FICO A KALLAS QUERIDA SENHORA alta REPRESENTANTE DA UE PARA A POLÍTICA EXTERNA KAJA KALLASOVA!

Querida Kaja, anotei repetidamente as suas declarações ao meu discurso em ligação com a visita de hoje a Moscovo e com a reunião notificada não só com o Presidente da Federação Russa V. Putin. Aparentemente não estou do lado certo da história ou outras considerações geopolíticas profundas semelhantes.
Em primeiro lugar, estou em Moscovo para prestar o meu respeito aos mais de 60.000 soldados do Exército Vermelho que morreram durante a libertação da Eslováquia. Não está claro para mim o que estas pessoas corajosas têm em comum com a atual situação internacional.
Em segundo lugar, como funcionário da Comissão Europeia alta não tem o direito de criticar o primeiro-ministro soberano de um país soberano, que tem uma abordagem construtiva de toda a agenda europeia.
Em terceiro lugar, não concordo com a política da nova cortina de ferro em que o senhor trabalha tão intensivamente.
Pela quarta vez, pergunto-vos como é que a diplomacia e a política externa podem ser feitas se os políticos não se devem reunir e ter um diálogo normal sobre questões sobre as quais têm opiniões diferentes.
Atenciosamente

Robert Fico 

Há 80 anos, em Berlim:

No dia 9 de maio, terminou o pesadelo da URSS depois de ter perdido mais de 26 milhões de cidadãos, dos quais 6,6 milhões de soldados.
De todos os países foi a URSS o que mais sofreu para a derrota do monstro nazi, derrotando o antissemitismo, o racismo e o ódio à diferença e pondo cobro ao extermínio de judeus, ciganos e deficientes.
Esquecer o contributo da URSS, a principal obreira da derrota do nazi/fascismo não é apenas uma injustiça, é uma revisão grosseira da História, que facilita o advento do neofascismo que regressa um século depois.

A capitulação alemã, em Berlim, perante as Forças Armadas que encerraram os campos de extermínio e libertaram os sobreviventes, durante o sofrido avanço, aqui fica numa foto icónica como homenagem aos 26 milhões de mortos e ao sofrimento de um povo.

Carlos Esperança 

A Marcha Completa do Poder Russo / Putin Encabeça a Nova Doutrina de Guerra:

Direto de Moscou: tudo sobre o Dia da Vitória: