Rádio Freamunde

https://radiofreamunde.pt/

domingo, 6 de julho de 2025

Dominguice:

Políticos, jornalistas, editorialistas, comentaristas e abéculas de tipologia vária andam a desumanizar Sócrates desde 2004. A desumanização é um fenómeno universal, automático, necessário para se exercer a violência. Uma vez em acção, a desumanização gera violência contínua e crescente. A luta política pode facilmente despertar instintos violentos, pois se está em disputa, ao mesmo tempo, por recursos valiosíssimos e status. Em Portugal, a elite da direita levou a desumanização de Sócrates a um grau de paroxismo como nunca antes se tinha visto por cá após a democracia ter estabilizado em 1976. Essa desumanização feita de forma sistemática e obsessiva nos impérios de comunicação — ao longo de anos, meses e dias consecutivos — explica a aposta ganha na violência extrema do linchamento institucional e popular planeada e executada pelo Ministério Público e pelo juiz Carlos Alexandre, em 2014. Os crimes de violação do segredo de justiça, a descontextualização das escutas e a ficção (porque apenas especulação) de uma acusação sem provas, mas onde havia ofuscantes e hipnotizadores milhões de euros, levaram a população a aceitar a violência que se abateu como castigo colectivo em cima daquele que não tinha, nem merecia, defesa. Ele era o monstro da mentira, o monstro da corrupção, o monstro do mal. Ao mesmo tempo, políticos, jornalistas, editorialistas, comentaristas e abéculas de tipologia vária geraram uma desumanização simétrica a respeito das pessoas que na Justiça têm responsabilidades na Operação Marquês, procuradores e juízes. Elas não erram, não abusam, não são corruptíveis, não têm vieses cognitivos, não têm vieses corporativos, não têm vieses políticos, são imunes à pressão social, são imunes à pressão mediática. Permanecem puros, são anjos. Anjos do bem, a tentar defender-nos de Satanás e sua legião de demónios.

Um curso de ciência política devia começar sempre com esta máxima de Hannah Arendt: «The ideal subject of totalitarian rule is not the convinced Nazi or the convinced Communist, but people for whom the distinction between fact and fiction, true and false, no longer exists.»

6 Julho 2025 às 9:30 por Valupi

Do blogue Aspirina B 

Estudo de Harvard conclui que Israel fez ‘desaparecer’ quase 400.000 palestinianos em Gaza, metade dos quais crianças:

(, in A Tertúlia Orwelliana, 06/07/2025, Trad. Fernando Oliveira) 


O estado da informação, ou melhor, da desinformação em Portugal leva-nos, cada vez mais, a procurar fora do país as fontes de que necessitamos para conhecer a realidade, para ter uma opinião. Foi assim que, nessa visita regular a um canal noticioso, me deparei com a referência à publicação no jornal online The Cradle.co ao estudo de Harvard, cuja tradução passo a apresentar.

O estudo realizado por um professor da Universidade Ben Gurion utiliza análises baseada em dados e mapeamento espacial para destacar um grave declínio na população de Gaza desde Outubro de 2023.

Ler artigo completo aqui.

Do blogue Estátaua de Sal

O megaprocesso começou com uma megaprodução para um megaespectáculo:

Pinto Monteiro foi escolhido (não à primeira) por um primeiro-ministro do PS e um Presidente da República do PSD. Muito antes de existir o Chega, sequer Ventura em Loures, a direita política — ao mais alto nível — caluniou (durante anos, continuará a caluniar se tiver oportunidade) o falecido ex-PGR de forma maximalista: acusou-o de ter violado a lei para proteger Sócrates. Era verdade? A ser, como explicar a passividade de Cavaco face a tão escandaloso e grotesco crime, então, ou a inexistência de uma mísera denúncia do sindicato do Ministério Público, ou de um solitário procurador a provar tal? Como é óbvio, não passava de uma campanha negra, um vale tudo de terra queimada. Cavaco viria a condecorar Pinto Monteiro quando este abandonou o cargo, como é da praxe.

Joana Marques Vidal foi escolhida por um primeiro-ministro do PSD e por um Presidente da República do PSD. Joana Marques Vidal escolheu Amadeu Guerra para planear e dirigir a caçada a Sócrates. Passos e Cavaco viriam a fazer campanha para que a falecida Vidal continuasse como PGR num segundo mandato, ao arrepio da prática desde os idos do caso Casa Pia. Temiam que a acusação a Sócrates, então ainda por concluir, ficasse de algum modo sujeita a olhares estranhos. Disseram que sem Vidal e seus muchachos voltaria o controlo criminoso do Ministério Público pelos socialistas. Ou seja, confirmaram que a sua escolha em 2012 teve como finalidade primeira, e suprema, o controlo político do Ministério Público pela direita.

Amadeu Guerra foi escolhido por um primeiro-ministro do PSD e por um Presidente da República do PSD. Apesar de a lei impor aos magistrados a cessação de funções aos 70 anos, abriu-se uma excepção para este senhor. Porquê? Porque Sócrates. A direita precisa de ganhar em tribunal o processo que criou no MP. Ninguém melhor do que o Amadeu para reunir todos os recursos humanos, e outros, para essa batalha a partir do seu poder como PGR. De cada vez que abre a boca, a agenda de perseguição a Sócrates tolda-lhe a capacidade de medir as consequências das suas declarações. Está transformado num carrasco choné.

O conceito de “megaprocesso” foi uma escolha, foi uma estratégia. Sabiam que, fosse qual fosse o seu desfecho, uma pena totalitária seria fatalmente aplicada. O sofrimento incomensurável, o dano profundo, para indivíduos avulsos e para o PS, estaria garantido ao longo de muitos anos — corrijo: para sempre, como mancha indelével. E se assim o pensaram, assim o fizeram. Começou no espectáculo, inaudito na história de Portugal, ocorrido no aeroporto de Lisboa. A captura de um cidadão que chegava do estrangeiro para se apresentar às autoridades. À hora do telejornal para telejornal mostrar. Um cidadão que ficou preso durante 11 meses alegando-se perigo de fuga.

O povo adorou a novel excitação e o sabor a sangue dessa noite.

 por Valupi

Do blogue Aspirina B

quinta-feira, 3 de julho de 2025

“Papagaios” políticos em curso nas direitas abrem os “bicos”:

(Alfredo Barroso, in Facebook, 01/07/2025, revisão da Estátua)

Habitação, Saúde, Educação, etc., estes não são os grandes problemas! “Papagaios” políticos em curso nas direitas abrem os “bicos” para proclamar em uníssono: os grandes problemas deste Portugal são a imigração, a nacionalidade e a defesa!

Eu, Alfredo Barroso, 80 anos, constato assustadíssimo, porque nasci em Roma (Itália), filho de um matemático português dos Montes de Alvor (Algarve) e de uma jovem italiana de Refrontollo (Treviso,) que, por isso, não poderei ser considerado «português de gema», segundo os tão exigentes e sábios critérios do CHEGA.

Repare-se, por exemplo, no ar sisudo do almirante Gouveia e Melo ao proclamar que a «imigração tornou-se um problema que não se pode esconder», não vá o genial general Isidro Morais Pereira aparecer como candidato do CHEGA a disputar-lhe a sucessão desse Marcelo PR que nos coube em sorte…

E que dirão os sisudíssimos candidatos a Belém do centro-direita Luís Marques Mendes ‘Mãozinhas’ – desastrado comentador da SIC e ilustre facilitador de negócios – e António José Seguro – outrora o Tó Zé do PS “qual é a pressa?” (de que ele já se esqueceu) e que agora até pretende aparecer como um «Born Again Christian»?

Só estes candidatos da extrema-direita, da vulgaríssima direita e de um centro-direita obnóxio, concentram em si uma enorme capacidade de circunspeção, ponderação (de ‘moderação’!), sisudez e gravidade bem estudadas e bem capazes de convencer os ‘tugas’ mais crédulos, como quando Marcelo PR lhes impingia a «política dos afetos» …

Uma nota a fechar: para grande humilhação do PS, o único candidato de facto muito bem preparado politicamente, com saber e experiência fora de dúvidas, é António Filipe, do PCP!

Campo d’Ourique, 1 de Julho de 2025

Do blogue Estátua de Sal

quarta-feira, 2 de julho de 2025

A Emigração, a Cultura e a Habitação:


A imigração enriquece as nossas sociedades, trazendo novas culturas e perspetivas. Contudo, a esquerda, no compromisso com a igualdade e a justiça social, enfrenta o desafio de integrar estas novas realidades sem ceder a simplificações perigosas. Respeitar as diversas culturas e religiões é fundamental, mas essa tolerância não pode ser ilimitada. Há princípios inalienáveis da nossa sociedade, como a igualdade de género e a proteção dos direitos humanos, que não podem ser comprometidos. Práticas como a poligamia ou a mutilação genital feminina são ilegais e inaceitáveis em Portugal e na Europa, e a sua não-aceitação não é xenofobia, mas a defesa intransigente da dignidade e dos direitos de todos.

Ao mesmo tempo, é crucial abordar a crise da habitação, um problema que a imigração, tal como o turismo de massa, exacerbou. O crescimento descontrolado dos alojamentos locais e a especulação imobiliária têm transformado um direito constitucional – o direito à habitação – num luxo inacessível para muitos. Vemos com preocupação a exploração de imigrantes em condições de habitação degradantes, com rendas exorbitantes por espaços diminutos e insalubres. Esta situação não é resultado da imigração em si, mas de um sistema que permite a exploração sem escrúpulos por parte de proprietários e intermediários, que acumulam lucros à custa da dignidade humana. A esquerda deve lutar por políticas públicas que garantam habitação digna e acessível para todos, regulando o mercado e combatendo a especulação.

É também imperativo reconhecer que os grandes beneficiários da imigração desregulada são, muitas vezes, os mesmos setores que financiam a extrema-direita. Estes grupos aproveitam-se da vulnerabilidade dos imigrantes para obterem mão-de-obra mais barata, sem direitos ou contratos de trabalho justos. Esta exploração capitalista da força de trabalho imigrante precariza não só os recém-chegados, mas também os trabalhadores portugueses, criando uma competição desleal e baixando os salários de todos. É paradoxal que muitos dos que foram forçados a emigrar para encontrar melhores condições de vida acabem por votar em partidos de extrema-direita nos seus países de acolhimento, sem perceber que representam precisamente os interesses dos patrões exploradores que os condenaram a essa mesma procura.

Cabe à esquerda articular uma visão que defenda a integração digna e humanitária dos imigrantes, garantindo-lhes direitos e condições de vida justas, ao mesmo tempo que combate as práticas culturais incompatíveis com os valores fundamentais dos direitos humanos. Deve também lutar contra a especulação imobiliária e a exploração laboral, independentemente da nacionalidade. A luta não é contra o imigrante, mas contra as estruturas de exploração e desigualdade que afetam a todos, sejam eles nascidos em Portugal ou recém-chegados.

Publicada por 

Do blogue Ventos Semeados  

O general Isidro Pereira e a candidatura a Presidente da República:

(Carlos Esperança, in Facebook, 01/07/2025)

O general tem sobre mim a vantagem de ter melhor ouvido. Eu precisaria de que me gritassem para ouvir, na rua, um pedido para me candidatar a PR, e tenho suficiente lucidez para me rir e pudor bastante para não me gabar do apoio do Chega.

Bem sei que a conduta dos dois últimos inquilinos de Belém degradou tanto o cargo que qualquer idiota pode julgar-se capaz de o ocupar. Mas Cavaco tinha enorme experiência política, só lhe faltava cultura, e Marcelo tinha ambas, só não resistiu à perversidade intrínseca e à sua matriz reacionária e conspirativa.

O sr. Isidro Pereira que currículo tem? Deslumbrou-se com o número de horas pagas na CNN, sem perceber que não é pelas análises que faz, mas pela propaganda que debita.

Quanto ao olho que pisca ao Chega não conte que o André se monte em tão fraca pileca, já lhe bastou apoiar o Almirante que, por estratégia, o desfeiteou. Imagine que todos os comentadores televisivos das guerras, próximos do Ventura, resolviam ser tão néscios! Tínhamos o Milhazes, o Botelho Moniz, o Rogeiro, o Poêjo Torres, a Diana Soller e a mais desejada por Israel e pelo chanceler alemão, Helena Ferro Gouveia, esse portento mitómano, vesga e insensível às atrocidades em Gaza!

Olhe que lhe sucede o mesmo que ao Marques Mendes, com outra envergadura política, sai de comentador a troco de nada. Mas o Mendes corre para o segundo lugar e não põe o País a rir.

Perante o general Isidro, até o Tino de Rãs parece uma figura de Estado. Nada indica que seja menos inteligente, e é seguramente melhor pessoa. Só lhe faltam estudos, e não é mais ignorante.

Mal imagina o sr. Isidro como é fácil saber quem está próximo do Chega, mesmo que o Chega não se chegue, basta estar atento à gramática. Na CNN, com a sua prosápia, não se atrevem a ensinar-lhe a conjugar o presente do conjuntivo do verbo chegar. Olhe que é dê e deem, não é deia e deiam, formas tão arcaicas como o oficial-general oriundo de Infantaria que merece o brevet de aviões pelo tempo que passa no ar na CNN.

Boa viagem para Belém, sr. Isidro, bem precisamos de quem nos faça rir.

Do blogue Estátua de Sal