O Lira era um sujeito dado ao seu copito. Trabalhava na construção
civil, não tinha filhos e talvez para esquecer certas amarguras, socorria-se da
bebida. Via-o sempre acompanhado da sua bicicleta a pedal, a maioria das vezes
com ela pela mão, com os copitos não tinha equilíbrio e a maioria das vezes era
a bicicleta que o amparava. São estas pessoas típicas que fazem a história da
minha terra. Não o fazemos pelo gozo de criticar mas sim com o carinho que
sentimos por estas pessoas.
O Lira matava o bicho,
inda mal se via o dia
e acabava por capricho
quando um outro já nascia.
De manhã, o bagacito
com o dito pão de milho
à tarde era pão e vinho
quartilho atrás de quartilho.
E o Lira tinha razão:
com bagaço, vinho e pão
à mesa e à cabeceira
Levou a vida, a brincar
e a morte veio-o buscar
levou uma bebedeira.
Poesia ilustrada: Rodela / Inô Vítor
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