domingo, 8 de agosto de 2010

A sorte do Lira:

O Lira era um sujeito dado ao seu copito. Trabalhava na construção civil, não tinha filhos e talvez para esquecer certas amarguras, socorria-se da bebida. Via-o sempre acompanhado da sua bicicleta a pedal, a maioria das vezes com ela pela mão, com os copitos não tinha equilíbrio e a maioria das vezes era a bicicleta que o amparava. São estas pessoas típicas que fazem a história da minha terra. Não o fazemos pelo gozo de criticar mas sim com o carinho que sentimos por estas pessoas.

O Lira matava o bicho,
inda mal se via o dia
e acabava por capricho
quando um outro já nascia.

De manhã, o bagacito
com o dito pão de milho
à tarde era pão e vinho
quartilho atrás de quartilho.

E o Lira tinha razão:
com bagaço, vinho e pão
à mesa e à cabeceira

Levou a vida, a brincar
e a morte veio-o buscar
levou uma bebedeira.

Poesia ilustrada: Rodela / Inô Vítor

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