Rádio Freamunde

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sexta-feira, 30 de julho de 2010

Capitulo VIIII


No domingo de manhã é celebrada missa com sermão em honra ao mártir S. Sebastião. São incumbidos alguns festeiros para assistir à sua celebração, a dar o ar da festa cristã. Às quinze horas deram entrada as bandas de música, Freamunde e Famalicão, de seguida o seu “concerto” o que chega a ser hilariante porque aqui se toma partido por uma e outra - parece as claques de futebol, em menor dimensão e mais civilizadas. Pelas dezoito horas dá-se por findo o concerto para as bandas tomarem parte na procissão que tem o seu início às dezanove e com um circuito pelas artérias da vila “hoje, cidade” de pelo menos dois quilómetros. Vem muita gente das redondezas de Freamunde e fica maravilhada com tão portentosa procissão. Vale a pena assistir.
O apogeu atinge-se na noite de Domingo para Segunda-feira. Nessa noite o concerto das bandas filarmónicas é um espectáculo digno de se ver - não por ser natural de Freamunde que faço este reparo - é pelo facto de sermos uma terra hospitaleira e aqui dedico uns versos, do Rodela, à loja do Venturinha, que condiz com o ser dos freamundenses:
A loja do Venturinha / tem de tudo quanto há / desde a piada fresquinha / ao pacotinho de chã. Nem o livro dos fiados / naquela loja acabou, / os tempos foram mudados / mas lá sempre se fiou. Quem lá comprar ou vender / se não leva, vai trazer / sempre mais sabedoria. Os clientes que lá vão, / vão por alguma razão / não é só porque se fia.
É o que acontece com os forasteiros. Aliás, nesses dias parecem ser freamundenses, gozam e foliam como deles se tratassem. Cerca da uma hora da manhã dá-se o encerramento do concerto musical protagonizado pelas bandas, sem, no entanto, a de Freamunde, tocar a Gandarela e cantada por todos os freamundenses que sabem a sua letra de cor.
Gandarela, Gandarela / Vais mostrar a quem te vir / Que a tua marcha singela, / Sendo simples, é a mais bela / Que na festa há-de sair!... / O teu povo sofre e chora, / Passas a vida a trabalhar / Mas quando é chegada a hora / Mandas a tristeza embora / E vens p' ra rua cantar.
Estribilho
Eis a Gandarela / Olhai p'ra ela / Se quereis aprender / Como num momento, / O sofrimento / Se muda em prazer!... / Lá vai jovial / Não tem rival / P'ra cá da Serra da Agrela! / Ninguém a confunde / E até Freamunde / Não era nada sem ela!... / Gandarela, Gandarela! / De ti muito mal se diz, / Mas a verdade revela / Que mais vale uma chinela / Que um sapato de verniz!.. / Deixa lá falar quem fala / Que a inveja é o que os faz falar! / Não é isso que te rala, / Pois a ti ninguém te cala / Se tens que desabafar...
É como refiro em cima. É digno de se ver.
Continua

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