Conheci-o a partir de Dezembro de 1980 no E. Prisional de Paços de Ferreira. Quando ali dei entrada como guarda prisional, já ele cumpria ali pena, salvo erro por furtos. Era bem constituído fisicamente. Trabalhava na cantaria sendo um dos melhores artistas e um dos que beneficiava da confiança do seu mestre, de nome Campos.
No aspecto laboral era aplicado, não faltava um dia ao trabalho. Não era dos que constantemente se desenfiava do seu serviço, era um recluso trabalhador, daqueles que dava gosto ver trabalhar.
Tinha a sua personalidade e não virava a cara a luta se soubesse que a razão estava do seu lado, mas sempre com cordialidade, respeito, aliás nesse tempo, eram poucos os que não respeitavam as regras da boa educação. Quando houvesse um recluso que fosse malcriado para com o pessoal de vigilância era logo repreendido pelos seus camaradas reclusos, quando às vezes não eram chamados a um certo sitio – fora da vista dos guardas e ali a repreensão era mais severa.
O Chilro pela vida fora, julgo que tinha tantos anos de cadeia como de liberdade. Era um bom desportista. Jogava na equipa de futebol de cinco e era um dos melhores da equipa de reclusos da cadeia. Assim como de vez em quando era solicitado para arbitrar jogos e impunha a sua disciplina, não havendo ninguém que protestasse das suas decisões.
Encontrei-o salvo erro por duas ou três vezes na cadeia. Sempre com pena de prisão grande, mas com espírito de resignação e pronto a levar a sua condenação o melhor possível.
Da última vez que deu entrada vinha em fase terminal de vida e foi alocado na Enfermaria do Estabelecimento Prisional. Era raro ter visitas. Num dia de semana um seu filho deslocou-se à cadeia com a finalidade de o visitar. Fui incumbido de o acompanhar à Enfermaria – não se podia deslocar ao Parlatório – e quando ali cheguei e vi o seu estado, veio-me à memória o Chilro de outros tempos.
Da última vez que deu entrada vinha em fase terminal de vida e foi alocado na Enfermaria do Estabelecimento Prisional. Era raro ter visitas. Num dia de semana um seu filho deslocou-se à cadeia com a finalidade de o visitar. Fui incumbido de o acompanhar à Enfermaria – não se podia deslocar ao Parlatório – e quando ali cheguei e vi o seu estado, veio-me à memória o Chilro de outros tempos.
Reconheceu-me e disse. Sr. Subchefe Pacheco o que a vida nos reserva. Se alguma vez o ofendi aceite as minhas desculpas. Aqui notei que ele pressentia o fim da sua vida. Mas não me envergonho de dizer que tive de olhar para o lado para ele não presenciar uma lágrima que me corria pela face.
Teve ao menos o consolo e o mérito reconhecido de ir morrer à sua residência, pelo motivo do Estabelecimento Prisional tudo fazer para que o Tribunal de Execução de Penas do Porto lhe facilitasse esta medida prevista na Lei.
Estas situações devem ser tornadas públicas para que a sociedade civil delas tome conhecimento, para ver que os Serviços Prisionais Portugueses são dos mais humanos a nível mundial e não como às vezes referem os órgãos de comunicação social e os Direitos Humanos.
Estas situações devem ser tornadas públicas para que a sociedade civil delas tome conhecimento, para ver que os Serviços Prisionais Portugueses são dos mais humanos a nível mundial e não como às vezes referem os órgãos de comunicação social e os Direitos Humanos.
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