sexta-feira, 30 de julho de 2010

Capitulo VI


Nestes intervalos ainda fazíamos como já referi os leilões, a que nos dispúnhamos a ir às matas das proximidades roubar eucaliptos para vendermos como lenha para fogões, tudo o que pudesse vir era bom e os eucaliptos estavam em matas mal limpas o que podiam provocar incêndios. Precisávamos de dinheiro e uma sem um eucalipto continuava a ser mata.
Por essa altura andava por Freamunde, o Zé Trincheira, antigo toureiro, que percorria várias terras a oferecer as suas garraiadas. Noutras festas em honra ao Mártir S. Sebastião tinha feito algumas garraiadas com muito sucesso e a nós propôs que realizássemos uma tourada.
Quando foi discutido em reunião de comissão, alguns festeiros, eu incluído, ficamos alarmados com tal evento. Já tínhamos sido realizadores de concertos de rock, demonstramos bastante amadorismo mas lá nos desenrascamos, agora só faltava sermos agentes tauromáquicos. Mas como não há duas sem três, resolvemos aceitar o desafio, sempre com o intuito de ganhar algum dinheiro, porque necessitávamos bastante dele e o mês de Julho estava à porta.
Tivemos de pedir a cedência de um terreno que não estava a ser cultivado. Era uma espécie de baldio, com um matagal bastante elevado. Arranjou-se uma máquina, caterpillar, para tirar o silvado, nivelá-lo e pôr-lhe uma camada de saibro. Posto isto, tínhamo-nos de deslocar a Carrazeda de Ansiães, no distrito de Bragança, para trazermos as bancadas e o redondel, foi onde o Zé Trincheira fez a última garraiada, para ser montado para a dita tourada.
Pediu-se à Câmara Municipal de Paços de Ferreira a cedência de uns camiões e respectivos motoristas e com a colaboração do camião do Libório «Velha» já falecido, para ali nos deslocamos com a finalidade de carregarmos as ditas bancadas e o redondel. Sabia que Carrazeda de Ansiães ficava longe, mas tanto não, para mais estava um dia de calor insuportável, o local era num monte, sem alguma casa pela beira.
As bancadas e o redondel encontravam-se montados o que nos dava mais trabalho pois tínhamos de os desmontar e carregar para os camiões. Findo o carregamento, fizemos a viagem de regresso mas a carga não era uniforme o que nos causou uma paragem por parte da brigada de trânsito. Com a nossa choradeira e talvez com a protecção do Mártir S. Sebastião, a brigada de trânsito lá nos deixou partir mas, recomendou-nos prudência e pouca velocidade. Chegados a Freamunde tratou-se da descarga e ao outro dia o início da sua montagem o que nos levou bastante tempo, todos tínhamos o nosso emprego e este trabalho era pós laboral.
Continua

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