Rádio Freamunde

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sexta-feira, 30 de julho de 2010

Capitulo XI


“O som atravessa as pedras das paredes tal como os festejos atravessam gerações, algumas coisas mudam, as chulas já não reinam entre os grupos mais jovens, substituíram-na por ritmos quase brasileiros, mais redondos e mais urbanos. Os mais velhos, fiéis às chulas antigas passam por eles rindo e misturando tudo, numa poliritmía confusa e improvisada”.
“A tradição mantém-se uma feliz mistura entre os hábitos antigos e as tendências actuais, renovando-se, revisitando-se. Das ruas cobertas de bombos há ainda as vacas de fogo que consistem em fogueteiros cobertos de fogo-de-artifício, com uma máscara de vaca, que rebentam junto ao chão vários tipos de explosivos. Às pessoas que rodeiam as vacas, resta-lhes esconder-se, fugir e abrigarem-se dos projécteis que disparam em todas as direcções”.
“Já de manhã há o hábito de tomar banho numa grande fonte no meio da cidade e dessa fonte se retiram baldes de água que servem para arrefecer os ânimos mais efusivos que o álcool ampliou dias a fio”.
Acabada a marcha era hora de dar início a outra garraiada. Na da tarde e derivado ao êxito, comprometemo-nos a realizar mais uma depois das marchas. A afluência era tanta, o álcool ainda mais que a Força de Segurança não deixou a sua realização. Deu-se início ao fogo preso. Notávamos na cara dos forasteiros alegria, na dos freamundenses, um certo orgulho, por pertencerem a esta terra, nós festeiros, um sentimento de dever cumprido.
Na terça-feira fizemos a recepção aos novos festeiros com a oferta de um jantar e o aumento de um tostão, o que quer dizer que ofertamos trinta e nove. Findo este, foi lançado fogo-de-artifício.
Este ano de dois mil e dez, domingo para segunda-feira, depois do concerto nocturno das bandas, há um concerto rock em que são intervenientes os Xutos & Pontapés. Faço este reparo pelo motivo de que quando fui festeiro, os Xutos darem um, só que nesse tempo era como fonte de receita e que bem necessitávamos, hoje é para distracção dos foliões e pelo motivo do meu filho fazer parte da comissão de festas.
Usamos o lema que as festas seguintes são sempre as melhores. Como disse somos bairristas mas damos os louros sempre aos próximos. Não há individualidades a destacar. É o todo que merece e para isso é que existe uma comissão de festas. Se fosse para individualizar dava-se o nome de Juiz da Festa como em muitas terras. Até nisto somos únicos.
As Festas são em honra de S. Sebastião, protector da fome, peste e guerra.
E não podia terminar sem relembrar um dos grandes animadores das Festas da Vila.
Fim:

2 comentários:

  1. Caro Sr. Pacheco,

    Gostei muito de ler o seu relato.
    Parabéns.

    Z8

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  2. Arlindo:
    Desde já agradeço o seu comentário. Resolvi criar este blogue para escrever as minhas memórias. Espero que gostem.

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