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quinta-feira, 2 de junho de 2022

Cavaco Silva, mestre da banalidade, como lhe chamou Saramago, e relíquia da perfídia, aparece sempre que as nuvens se adensam no panorama internacional.
Há notícia de ter escrito hoje no Observador, jornal virtual que reserva aos assinantes os textos dos grandes pensadores, certo de que merece assinaturas de quem aprecia, como é o caso, um ideólogo que se pauta pela honestidade, cultura e competência, e de cujas ideias, se acaso as tem, o país está suspenso.
O Observador diz que «Cavaco Silva fez o que ninguém faz: oposição ao PS». Além da injustiça para com o atual PR, mais eficiente e astuto, não acredita nos colaboradores e descrê de si próprio. É a admissão do fracasso do jornal reacionário que vive de ataques à esquerda, em geral, e ao Governo, em particular.
Mas voltemos a Cavaco porque, segundo o Observador, “desafia Costa a fazer melhor do que ele” e porque afirmou: «encerrada a fase da ‘geringonça’, o seu Governo de maioria absoluta [de António Costa] fará mais e melhor do que as maiorias de Cavaco Silva”. É difícil dizer o que mais apreciar, se o humor que pretendeu ou a fulgurante figura de estilo de referir-se a si próprio por Cavaco Silva, como se citasse uma autoridade.
Cavaco, preocupado com a gestão das numerosas reformas que acumulou, não se deu conta da pandemia nem da guerra que grassa na Ucrânia e que destrói a economia dos países europeus, a guerra que consegue fazer a todos os governos o que ele quis fazer ao de António Costa quando bradava que um Governo apoiado pelo PCP e BE seria a tragédia para Portugal. E tê-lo-ia sido se fosse grande o seu prestígio, e a sua voz levada a sério para lá de Boliqueime.
Claro que António Costa não fará melhor na defesa do património pessoal, não receberá mais valias de ações não cotadas em bolsa, não terá uma luxuosa vivenda na Praia da Coelha em negócios não esclarecidos, não acumulará reformas, mas será mais honesto, capaz e dedicado à gestão de uma conjuntura sem precedentes.
Apostila – A RTP, telejornal das 13H00, informou que Cavaco aproveitou agora para felicitar António Costa pela maioria absoluta. Podiam tê-lo avisado na altura, para ser tão rápido nas
felicitações

como foi na fuga a Marcelo na tomada de posse do segundo mandato de PR.

Carlos Esperança 

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