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quinta-feira, 2 de junho de 2022

A guerra também se trava com humor:

A guerra colonial portuguesa também teve essa componente, os cartoons do Zé da Fisga, ou do coronel Vicente da Silva, no Jornal do Exército eram subversivos e passavam... Esta guerra da Ucrânia também está a produzir os seus humoristas, com uma particularidade: os cómicos não sabem e julgam-se atores dramáticos. Levam-se a sério.
Assistir a alguns programas de "análise" da guerra por "comentadores" e "comentadeiras" é um desopilante. Infelizmente eles gozam com o sofrimento dos ucranianos, dos russos nos campos de batalha e com o nosso (dos cidadãos europeus) a curto e médio prazo.
Mas, o mais delirante e hilariante, diga-se, são as análises do Inimigo.
A análise do inimigo é uma componente dos estudos de situação dos Estados-maiores. Tradicionalmente é uma atribuição do oficial de informações. A anedota diz respeito a um destes oficiais de estado-maior, pouco diligente, mas muito desembaraçado que não tinha feito o "estudo" do inimigo.
Quando o general o interrogou: "Qual a sua impressão do inimigo?" Respondeu: "A pior possível, meu general!"
A bataria de comentadores e comentadeiras que nos entram casa adentro são deste estilo, não sabem mas explicam e, tudo espremido, limitam-se a afirmar que têm a pior das impressões do inimigo. Deste inimigo, a Rússia, mas já tinham tido a pior das impressões do Maduro da Venezuela, dos Talibans do Afeganistão, do Saddam Hussein, do Khadafi, do Milosevic da Servia, de Fidel Castro, de Allende, de Mandela...
Carlos Matos Gomes

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