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quarta-feira, 12 de junho de 2019

Parca saúde:

Quando era pequeno – portanto há um bom par de anos – estava sempre ansioso pelo dia de aniversário. Queria-me tornar homem. Hoje – há um bom par de anos em que me tornei – vejo que esse interesse não devia ser assim. Não é que neste meio – entre o desejo e o ser – me torne num arrependido. Não!
Simplesmente vou vendo e me apercebendo do valor da vida. Sim o valor da vida! O que ela me ensinou. O que ela me deu. E o que me há-de tirar. Porque é neste momento em que a vida nos torna mais frágeis. Qualquer dor nos leva a pensar no pior.

Ainda há cerca de uma semana uma me levou para as urgências do hospital Padre Américo em Penafiel. Passei várias horas em exames e com fortes dores renais. Nesse entretanto muita coisa me passou pela cabeça. A minha esposa, coitada, não teve as dores locais que eu tive mas ali passou as mesmas horas que eu (14), à espera do meu regresso a casa, os meus filhos, netos, ainda tive mais um há dois meses, e os meus irmãos. Depois de ter alta e de convalescença em casa as mesmas ideias não me abandonavam. Quem lê este texto pode inferir que sou pessimista e que só ligo ao que é triste. Mas não. 

Ainda há cerca de três semanas num convívio de antigos combates me disseram que entre os que lá se encontravam e, não eram poucos, era o que mostrava mais jovialidade. Pensei para comigo. A idade a estes não afectou só a fisionomia. Também afectou a visão. De qualquer maneira fiquei contente com a maneira com que me viam. Mas não demoraram muitos dias para cair na realidade e dizer: afinal estou velho.
E o que vejo e penso daqui para a frente é que além de velho estou a ficar decadente. Ainda há dias morreu um meu vizinho dez anos mais novo que eu e numa ida da minha esposa ao Café uma pessoa se abeirou dela e lhe deu os pêsames. A minha esposa disse-lhe que não tinha sido o seu marido que faleceu mas sim o dito vizinho mas ela insistiu que sabia desse mais o dela.
Esta conversa soube-a porque a minha esposa numa conversa ao jantar juntamente com a minha filha, o seu companheiro e o meu neto, saiu sem ela o querer. Ninguém gosta de receber os pêsames para mais com o familiar vivo. Mas ao ouvir isto fiquei mais pensativo. E cada vez me leva a pensar mais como a vida é efémera. Dizem os entendidos que mortes faladas e não concretizadas são vidas dobradas.
De qualquer maneira de uma coisa devo ter em atenção. “Cautela e caldo de galinha nunca fizeram mal a ninguém”.
É no que me vou deter a ver como a vida é bela e com muito significado.

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