Quando vejo personalidades públicas tecerem considerações sobre alguém
com base em peças processuais tornadas públicas por forças estranhas que violam
o segredo de justiça ou as publicam designando um comportamento criminoso como
um exercício de liberdade de expressão sinto nojo.
Tenho um princípio de que não prescindo para além do elementar
princípio da presunção da inocência, não formulo opiniões acerca de ninguém com
base em informações vindas da polícia, seja da polícia com farda ou da polícia
com toga, sejam polícias formados nas escolas de polícias, sejam polícias mais
finos formados no Centro de Estudos Judiciários. Pode ser uma opção errada na
opinião de muitos que vejo por aí, mas é a minha, só formula opinião depois de
as vítimas da difamação se poderem defender segundo regras.
A acusação tem duas fases a investigação e o julgamento, na primeira os
polícias acusam socorrendo-se dos meios legais e ás vezes de meios menos
legais. Na segunda o acusado tem a oportunidade de se defender e os tais
polícias deixam de ter a liberdade de dar golpes baixos, têm de provar o que
acusam e demonstrar que a acusação é feita com base em provas válidas. Ora, se há
esta fase porque motivo anda tanta gente a tirar conclusão quando a primeira
ainda vai a meio?
Alguns fazem-no porque são parvos, deixam-se manipular por polícias
pouco corajosos pois não dão a cara pela violação do segredo de justiça ou
porque acreditam no que lhes dizem. Mas nem todos são parvos, há os que têm uma
grande cultura judicial, que conhecem muito do que de errado a justiça já
produziu ao longo da história, mas preferem tirar conclusões agora, quando o
acusado não tem nada de que se defender.
Porque será que gente culta, deputados, jornalistas, políticos e até
juízes e advogados, preferem julgar antes de que os acusados se possam
defender, pior ainda, antes de ser produzida qualquer acusação? Por ódio, por
vaidade, acima de tudo por cobardia, nesta fase é mais fácil condenar, difamar
destruir.
Ana Gomes é uma destas pessoas, não quer esperar que o acusado se
defenda, quer destruí-lo agora porque é mais fácil. Só que esta é a forma mais
cobarde de tentar destruir alguém politicamente. Nem mesmo no tempo do fascismo
se viu isto.
Não estamos perante uma questão de estratégia política do PS, talvez
Ana Gomes não perceba, mas por mais que deteste Sócrates estamos perante uma
questão de princípios. Prefiro os meus aos de Ana Gomes. E quanto a prejuízos
para o PS seria interessante se fossem contabilizados os provocados por muitas
intervenções desta deputada rica.
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